A compra de um carro clássico
sempre foi impulsionada por nossa paixão pelas viagens. Apesar de muitos tratarem
seus clássicos como verdadeiras relíquias e os manterem impecáveis em suas
garagens, nós acreditamos que é um desperdício não colocá-los na estrada. Eles
nasceram para isso! Acho que nós também.
Antes mesmo de registrarmos o
Mustang 1965 em Michigan, nos Estados Unidos, duas viagens já estavam
programadas. A primeira delas foi para buscar o carro na loja em Southampton, New
York, a 740 milhas (1.184 km) de nossa casa.
O vendedor garantiu que o carro estava em boas condições para voltarmos
para casa com ele rodando. Confiamos. E lá fomos nós. Alugamos um carro em
Detroit e devolvemos bem próximo da loja onde pegamos o Mustang. Ficamos dois
dias em Long Island para passear um pouco e testar o carro antes de pegarmos a
estrada.
Já que ele era a estrela da viagem, nenhum ângulo escapou dos meus cliques |
Hoje percebo que nossa decisão
de dirigir um carro de 1965 por mais de mil quilômetros, por estradas que não
conhecíamos, sem ter a certeza de que ele estava em boas condições foi um tanto
quanto arriscada. Dividimos a viagem em duas partes, passando a noite em Ohio. Não
posso dizer que o carro nos deixou na mão, mas a embreagem dura, motor falhando
e aquecendo um pouco e a falta de ar-condicionado tornou a viagem um pouco
tensa em alguns momentos. Mas chegamos em casa com sentimento de vitória.
Com a caranga em casa, tivemos
cerca de um mês para alguns ajustes que o deixariam pronto para a segunda aventura.
Levar o carro de Michigan até o porto de Miami para que ele fosse levado para o
Brasil de navio. Esta segunda etapa foi ainda mais longa e interessante. Rodamos
mais de 1.900 milhas (aprox 3 mil km), passando por 8 Estados: Michigan, Ohio,
Kentucky, Tennessee, Carolina do Norte, Carolina do Sul, Georgia e Flórida.
Foram dias e dias de dedicação total para deixar a máquina confiável para a viagem |
Nesta foto, o carro já estava até ligado, pronto para partir |
Nossa maior preocupação era
com a temperatura do motor, mas não tivemos nenhuma surpresa durante toda a
viagem. Para não dizer que passamos ilesos, a saída do ar-condicionado entupiu
e a solução foi abrir o respiro e manter uma garrafa na saída para coletar a
água. Foi até divertido, quando um policial (daqueles que vemos em filme mesmo)
encostou atrás do carro em uma das vezes que eu esvaziava a garrafinha no
meio-fio para perguntar se precisávamos de ajuda.
O roteiro da viagem de Michigan à Flórida foi realizado em seis dias. A
primeira parada foi em Dayton, Ohio, onde visitamos o National Museum of the US
Air Force, o maior e mais antigo museu da aviação militar do mundo. O museu é
fantástico e conta com mais de 300 aviões e mísseis, além de artefatos da
aeronáutica. Vale a visita.
No Museu estão o Boeing-B29 Superfortress e que lançou a bomba 'Fat Man' em Nagasaki, em 1945, e uma réplica da bomba também |
Depois, seguimos para a
Carolina do Norte para passarmos por um dos pontos altos da viagem, a Tail of
The Dragon, uma famosa estrada norte americana que atrai motoristas e
motociclistas por possuir nada menos do que 318 curvas em um percurso de apenas 11
milhas. Ao finalizarmos a curvilínea estrada chegamos em outra, ainda mais bonita, a Blue Ridge Parkway. Por estarmos no finalzinho
de setembro, fomos agraciados com a beleza alaranjada das folhas outonais, que
garantiram à paisagem uma beleza ainda mais exuberante.
Seguindo em direção à costa, deixamos
a Blue Ridge Parkway rumo à charmosa Charleston, na Carolina do Sul, uma cidadezinha
histórica encantadora, fundada em 1670. Vale a pena andar pela parte histórica com
suas mansões em estilo clássico e também conhecer a região da baia,
aproveitando para saborear deliciosos frutos do mar nos restaurantes da região.
Continuando na estrada, entramos no Estado da Flórida
e o dia terminou com um entardecer na praia de Jacksonville e os pezinhos na
água.
Ai veio a pergunta: como
poderíamos passar por Orlando e não visitar um parque que fosse? Para não
sermos crucificados pelo resto de nossas vidas, decidimos escolher um para passar
o dia. Ficamos com o Adventure Island, da Universal. Não que não gostemos de parque de
diversão, mas não faríamos uma viagem para passar
dias e dias na Disney. Essa foi a oportunidade perfeita de aproveitarmos que ja estávamos lá.
Chegando em Miami, o lugar
mais quente da viagem, o ar-condicionado estava começando a nos deixar na mão. Bom,
já era hora de deixamos a caranga no Porto e voltamos para Michigan. Deu até uma tristeza no momento da separação, mas estávamos com a sensação
de missão cumprida.
Confesso que em alguns
momentos nos perguntávamos se estávamos viajando em função da compra do carro
ou se havíamos comprado o carro para realizar estas duas viagens. Até hoje não
sabemos a resposta. Mas de uma coisa temos certeza, temos um excelente motivo para cair na estrada novamente.
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