sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

De Michigan a Miami de Mustang 65

A compra de um carro clássico sempre foi impulsionada por nossa paixão pelas viagens. Apesar de muitos tratarem seus clássicos como verdadeiras relíquias e os manterem impecáveis em suas garagens, nós acreditamos que é um desperdício não colocá-los na estrada. Eles nasceram para isso! Acho que nós também.
Antes mesmo de registrarmos o Mustang 1965 em Michigan, nos Estados Unidos, duas viagens já estavam programadas. A primeira delas foi para buscar o carro na loja em Southampton, New York, a 740 milhas (1.184 km) de nossa casa.  O vendedor garantiu que o carro estava em boas condições para voltarmos para casa com ele rodando. Confiamos. E lá fomos nós. Alugamos um carro em Detroit e devolvemos bem próximo da loja onde pegamos o Mustang. Ficamos dois dias em Long Island para passear um pouco e testar o carro antes de pegarmos a estrada.

Já que ele era a estrela da viagem, nenhum ângulo escapou dos meus cliques

Hoje percebo que nossa decisão de dirigir um carro de 1965 por mais de mil quilômetros, por estradas que não conhecíamos, sem ter a certeza de que ele estava em boas condições foi um tanto quanto arriscada. Dividimos a viagem em duas partes, passando a noite em Ohio. Não posso dizer que o carro nos deixou na mão, mas a embreagem dura, motor falhando e aquecendo um pouco e a falta de ar-condicionado tornou a viagem um pouco tensa em alguns momentos. Mas chegamos em casa com sentimento de vitória.


Com a caranga em casa, tivemos cerca de um mês para alguns ajustes que o deixariam pronto para a segunda aventura. Levar o carro de Michigan até o porto de Miami para que ele fosse levado para o Brasil de navio. Esta segunda etapa foi ainda mais longa e interessante. Rodamos mais de 1.900 milhas (aprox 3 mil km), passando por 8 Estados: Michigan, Ohio, Kentucky, Tennessee, Carolina do Norte, Carolina do Sul, Georgia e Flórida.

Foram dias e dias de dedicação total para deixar
máquina confiável para a viagem

Nesta foto, o carro já estava até ligado, pronto para partir

Nossa maior preocupação era com a temperatura do motor, mas não tivemos nenhuma surpresa durante toda a viagem. Para não dizer que passamos ilesos, a saída do ar-condicionado entupiu e a solução foi abrir o respiro e manter uma garrafa na saída para coletar a água. Foi até divertido, quando um policial (daqueles que vemos em filme mesmo) encostou atrás do carro em uma das vezes que eu esvaziava a garrafinha no meio-fio para perguntar se precisávamos de ajuda.  
O roteiro da viagem de Michigan à Flórida foi realizado em seis dias. A primeira parada foi em Dayton, Ohio, onde visitamos o National Museum of the US Air Force, o maior e mais antigo museu da aviação militar do mundo. O museu é fantástico e conta com mais de 300 aviões e mísseis, além de artefatos da aeronáutica. Vale a visita.

No Museu estão o Boeing-B29 Superfortress e que lançou a bomba
'Fat Man' em Nagasaki, em 1945, e uma réplica da bomba também

Depois, seguimos para a Carolina do Norte para passarmos por um dos pontos altos da viagem, a Tail of The Dragon, uma famosa estrada norte americana que atrai motoristas e motociclistas por possuir nada menos do que 318 curvas em um percurso de apenas 11 milhas. Ao finalizarmos a curvilínea estrada chegamos em outra, ainda mais bonita, a Blue Ridge Parkway. Por estarmos no finalzinho de setembro, fomos agraciados com a beleza alaranjada das folhas outonais, que garantiram à paisagem uma beleza ainda mais exuberante.

















Seguindo em direção à costa, deixamos a Blue Ridge Parkway rumo à charmosa Charleston, na Carolina do Sul, uma cidadezinha histórica encantadora, fundada em 1670. Vale a pena andar pela parte histórica com suas mansões em estilo clássico e também conhecer a região da baia, aproveitando para saborear deliciosos frutos do mar nos restaurantes da região.


Continuando na estrada, entramos no Estado da Flórida e o dia terminou com um entardecer na praia de Jacksonville e os pezinhos na água. 
Ai veio a pergunta: como poderíamos passar por Orlando e não visitar um parque que fosse? Para não sermos crucificados pelo resto de nossas vidas, decidimos escolher um para passar o dia. Ficamos com o Adventure Island, da Universal. Não que não gostemos de parque de diversão, mas não faríamos uma viagem para passar dias e dias na Disney.  Essa foi a oportunidade perfeita de aproveitarmos que ja estávamos lá. 


  
Chegando em Miami, o lugar mais quente da viagem, o ar-condicionado estava começando a nos deixar na mão. Bom, já era hora de deixamos a caranga no Porto e voltamos para Michigan. Deu até uma tristeza no momento da separação, mas estávamos com a sensação de missão cumprida.
Confesso que em alguns momentos nos perguntávamos se estávamos viajando em função da compra do carro ou se havíamos comprado o carro para realizar estas duas viagens. Até hoje não sabemos a resposta. Mas de uma coisa temos certeza, temos um excelente motivo para cair na estrada novamente.



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